Foi o que pensei em dizer depois de ser provocado pelo inquietante jeito que ela sorria. E, claro, antes de ser vencido pelo medo de dizer.
É estranho como não consigo ser como a maioria que se esconde noite após noite atrás de amores de momento (talvez extravasando sua frustração por realmente não amar). “Amam” varias vezes e ao mesmo tempo (por alguns momentos). Mas no fim das contas, quando a noite acaba, sabem que estão sozinhos. A vida torna a ficar vazia. E a ressaca do dia seguinte, faz de conta que ficou por conta dos goles a mais.
Mas só dessa vez quis ter a coragem da maioria. Saber as palavras certas pra dizer, mas sem soar em vão. E como eu diria que o jeito dela sorrir era algo???
Sim, sorria e fechava os olhos como se não estivesse naquele lugar. Os cabelos cobriam o rosto e descobriam em uma expressão diferente de cada vez. Era como se tudo à sua volta não tivesse importância. - Incoerência e corpo. Não havia o resto. Só ela e ela mesma. A beleza na despreocupação.
Maldita insegurança que me fazia hesitar. A verdade só atrapalha às vezes!
Enfim, continuei olhando e ensaiando formas de aproximação. Pensava em um milhão de coisas absurdas e diferentes (quando o que bastaria seria um simples oi). Mas na verdade, sou muito ruim pra essas coisas mesmo. E nem é falta de atitude não. É que convencer alguém a se interessar por mim, por assim dizer, é meio estranho, quando colocado nesses termos. Sou do tempo da conquista aos poucos. Sem pressa. – É, estou fora de moda mesmo, concordo. Mas e daí?
De qualquer forma, tomei mais um gole, fiz o último ensaio e me atirei. Tirei coragem não sei de onde e fui (se bem que até minha parte insegura já não agüentava mais).
Parece brincadeira, mas bastou eu me encorajar e ela foi saindo, junta de suas amigas.
Ah, mas eu corri. Disse a mim mesmo que agora ia falar. Foi o tempo de alcançá-la e pegar sua mão sem saber direito o que falar, e dizer:
- Oi! Gostaria de conversar contigo (eu sei, sou péssimo, fica explicada minha insegurança).
Pior foi a resposta dela. Eu esperava dela uma resposta indiferente, negativa, sei lá (espere pelo pior e torça pelo melhor). Mas então tudo ficou estranho. Com um olhar de desapontamento, voz suave, acompanhada de um sorriso consolador, ela diz:
- Agora que estou indo embora? Dizendo e olhando bem nos meus olhos. Fez-se um breve silêncio. Juro que algo em minha cabeça gritou: - Viu seu frouxo!
Travei na hora (como se fosse surpresa). Nem nomes, nem telefones, nem nada. Não fiz e nem disse nada. Só a vi indo, puxada pela amiga. Só depois de um tempo consegui voltar ao meu lugar. Sem acreditar. Vencido pelo medo do erro. A falta de fé em mim mesmo.
O medo nos mantém vivos...mas a que preço?
Não viver corájosante, é como nunca ter vivído!
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