sexta-feira, 25 de junho de 2010

Mercúrio Crômo. Frente e verso em linhas descosidas. - Prólogo

Então...começa agora o tempo visto à cada hora!

- “Quero mais é que o tempo passe e o mês acabe de uma vez. Ô mês mais cumprido!” Este é o reclame que me invade os ouvidos. É o único som que entendo de um abrir e fechar de bocas femininas que por mim acabam de passar (não as vejo de frente). Em pé parado no ponto de ônibus espero. Ouço, cheiro, vejo, toco, mas não penso. Ainda assim existo. Resisto ainda por alguns tantos ciclos atômicos em me abster, mas, inevitavelmente aquela voz sem rosto em meu pensamento reclama (obviamente abandono meu exercício meditativo):
- “Que o tempo passe”. – é só o que eu ouço agora. Gritado. Em tom imperativo. Minha testa se franje com isto. Sinto, involuntariamente, meu rosto se contrair. No impulso, levanto o pulso esquerdo até a altura dos olhos e no relógio vejo as horas. São 17h43min de um fim de tarde frio do mês de agosto em Porto Alegre.
- Tem horas jovem? - um senhor parado próximo a mim pergunta, ao ver-me consultar o tempo.
- 17h44min agora. – eu digo, em tom confiante.
- “Brigado!” – ele responde, erguendo a mão e mostrando o polegar como sinal de agradecimento. Não digo nada, mas com a cabeça faço sinal positivo. Nem isso me distrai. Automaticamente já estou a pensar de novo na voz. E com a maior indignação contida possível eu me pergunto:
- Por que as pessoas querem tanto que o tempo passe? Antes de tudo, devo confessar que por vezes mantenho longos e estranhos diálogos comigo mesmo. E não raramente, aproveito para “jogar verdades na minha cara”. Continua...

Um comentário:

  1. Limãozinho!!!

    Tá escrevendo muito, as vezes até me deixa confusa com o que tu escreveu...hehehe

    Bjs
    Continua com o blog!

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